Elas são lindas por conta própria. Tão natural, sabe o dia em que deve se expor de forma radiante gerando sorrisos no rosto de todo mundo. Tem perfume empreguinado em si, e a vontade de não solta-lá é inconsciente.
    Quando tirada das suas raízes, ela morre. Quer levar felicidade, e leva, ainda que custe sua vida. Flor não se poetiza, não precisa, é completa. As pétalas da qual são vestidas, nem a mais pura ceda superaria tamanha exuberância de mulher... digo, de homem, ou melhor, de flor.
   
    Flor não se poetiza, ela não precisa de quem a afirme de como é linda, ela sabe disso, de uma maneira sutil e ainda mais linda. Ela da espaço as outras para também causar sorrisos por ai. Floresce em lugares inimagináveis pelo homem, e floresce o tempo inteiro, ainda que você não veja.
     Flor não se poetiza, coaração de flor já é poesia. Já experimentou regar o jardim de alguém? Todos têm, alguns mal cuidados, sementes jogadas em lugares errados, rochosos ou espinhosos. Sementes sufocadas, sementes abandonadas. Já experimentou lançar sementes em terras boas, porque todo mundo carrega dentro si um bom lugar, em algum lugar.
   
    O engraçado é que para flor, um bom lugar é onde ela quer estar. A mistura de sentimentos, loucuras e inconstância faz brotar uma flor. Flor não se poetiza, porque almas não se poetizam, não são universais, são únicas. Há quem goste de cravo, de rosas, margaridas ou gipsofilas. Há quem não goste de nenhuma destas, mas em particular admira a beleza do mimo de vênus.
    Flor não se poetiza, porque já é poesia e graças a elas, o mundo se torna mais leve o tempo inteiro. Poesia, porque representa amor ainda que seja uma coroa. Representa amor ainda que seja noite e representa amor quando esta sozinha, ali no canto, infiltrada em um monte de grama.
 
 
 Flor não se poetiza, porque sua grandeza é demais para ser demonstrada em palavras e por isso ela nos permite sentir, seja seu cheiro, suas pétalas ou o amor,