Casa Amarela

Quando criança, eu idealizava um tipo de vida adulta e para mim, tudo era muito perfeito. Nas minhas fantasias, minha casa tinha um portão baixo, branco, as paredes externas eram amarelas e o número da casa era um bem fácil (sim, eu imaginava até isso). Na calçada, duas árvores que proporcionava uma sombra prazerosa para se estar num dia de domingo.

A varanda era fresca e espaçosa e a porta de entrada tinha um ar meio rústico. A casa não era grande, uma sala, com um tapete e muitos pufs. Uma televisão em cima de uma estante com vários quadros com fotos de família. Enquanto na cozinha havia um balcão com algumas cadeiras altas e também me lembro da mesa com seis cadeiras que ficava na sala de jantar. A mesa era grande porque sempre receberia pessoas em casa. Nunca estaria sozinha

Na minha fantasia eu não morava sozinha, era casada e feliz. Na minha mente, sempre me imaginava acordando pela manhã e preparando o café para ele e meus filhos. Comíamos juntos. Logo em seguida, levava as crianças pra escola enquanto ele ia para nossa ONG cuidar dos trabalhos que haviam por lá e mais tarde eu chegava e juntos tocávamos o barco.

Me fizeram acreditar que era uma utopia e que era impossível ser feliz, ou tão feliz assim. Me disseram que o amor acabaria, que as borboletas no estômago morreriam. Disseram que era melhor ficar sozinha e conquistar o mundo e que eu deveria trabalhar o suficiente para viver bem, isso sim me deixaria feliz.

Pobres coitados, um dia podaram o sonhos deles mas não o meu. Eu os contruí durante todos esses anos e alguém me fez concretizar que o amor existia. Hoje, me deparo me apaixonando pelo mesmo sorriso todos os dias. Sinto borboletas no estômago sempre que esculto sua voz e quando me abraça eu entendo que eu já conquistei meu mundo.

Acredite ou não, mas hoje, ele tem uma casa com o portão baixo branco e as paredes externas amarelas. Na calçada tem uma árvore com uma sombra digna de admiração. No fundo da sua casa tem uma mesa grande e nela temos grandes conversas. Talvez o que eu idealizava não seria exatamente a minha casa, mas seria um lugar onde eu construiria boas histórias e não há nada melhor e que me deixe tão feliz do que construir histórias. Dinheiro, emprego, impérios, podem acabar ou tirarem de mim. Mas as histórias que construí, ainda que eu não esteja mais nesse mundo, elas estarão com quem eu vivi.

You May Also Like

0 comentários